sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

História do Cemitério Israelita do Caju

por José Roitberg - jornalista, pesquisador e Membro da ABEC - Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais

A Comunal Israelita é a instituição beneficente que gerencia três dos cemitérios israelitas no Rio de Janeiro. É encarregada do Cemitério Israelita de Inhaúma (Polacas) a partir de alguns anos após o falecimento da última membro da ABFRI - Associação Beneficente Israelita do Rio de Janeiro. Apesar de arcar com os custos da limpeza, conservação, reforma dos túmulos, recolocação de nomes que haviam desaparecido ao longo do tempo, e da manutenção atual, a Comunal está impedida na justiça de realizar novos sepultamentos em Inhaúma devido a uma ação impetrada por uma parte. Em Inhaúma há 770 túmulos e local para outros 700, no mínimo. É um cemitério de muito fácil acesso atualmente.

Grande parte dos sepultamentos destinados a este cemitério, desde 2008, foram redirecionados para o Cemitério Israelita de Nilópolis que ainda conta com amplo espaço para mais de mil túmulos novos, e é mantido também pela Comunal. Durante um dia normal de semana, sem obras na Avenida Brasil, o tempo necessário para ir e voltar de Nilópolis pode passar de cinco horas.

Portão de entrada, img Google Street View
Portão de entrada, img Google Street View

O Cemitério Comunal Israelita foi inaugurado em 1955, praticamente no centro do Rio de Janeiro, como uma alternativa à longa jornada de trem necessária para se chegar à Vila Rosali. As ruas de acesso à Vila Rosali somente foram asfaltadas em 1963. A prefeitura dos anos 1960 foi sensível à demanda por um segundo cemitério israelita no município, entendendo que o da ABFRI não era considerado um cemitério adequado pela maior parte da comunidade judaica, devido ao sepultamento de prostitutas e cafetões. O primeiro pleito por um segundo cemitério no município foi feito em 1918. A área dos cemitérios do Caju já se encontrava urbanizada antes de 1850, com fácil acesso, inclusive bonde na porta.

Em azul o Cemitério Israelita, antes, parte da área de indigentes do São Francisco Xavier.
Em azul à esquerda, o Cemitério Israelita, antes, parte da área de indigentes do São Francisco Xavier e à direita a ala de acatólicos deste cemitério, onde estão sepultados mais de 2.000 judeus, além de protestantes, anglicanos e outros.

O terreno cedido fazia parte da área de indigentes do São Francisco Xavier, que foi limpa e teve seu nível de terra rebaixado em vários metros. Atualmente a área de indigentes começa logo após o muro de trás do cemitério israelita que também é utilizado para gavetas do Caju. No início de 2015, foi realizado um contrato com a Santa Casa, para a expansão do Cemitério Israelita, novamente sobre a área de indigentes, mas com a posse da área sendo agora da empresa privada PAX, o acordo ainda não foi implementado. Vários judeus estão sendo sepultados à esquerda no Cemitério Memorial do Carmo.

Cemitério Israelita do Caju visto por trás. Foto tirada a partir da área de indigente do São Francisco Xavier, por José Roitberg
Cemitério Israelita do Caju visto por trás. Foto tirada a partir da área de indigente do São Francisco Xavier, por José Roitberg

Inaugurado em 1955, o Cemitério Israelita do Caju possui mais de 6.500 sepulturas, inclusive vários mausoléus familiares ao longo de seu muro do lado direito. É um campo já quase totalmente ocupado, onde várias sepulturas são utilizadas em camadas para familiares, algo permitido no judaísmo. Recentemente até mesmo o andar térreo do prédio da administração foi removido para dar lugar a mais sepulturas. Sem o acordo de expansão, este cemitério poderá ser encerrado.

Acesso interno central do Comunal Israelita, coberto e com sombra para minimizar o calor do local. Foto de José Roitberg
Acesso interno central do Comunal Israelita, coberto e com sombra para minimizar o calor do local. Foto de José Roitberg

A rua de acesso ao Caju no final dos anos 1910, podendo ser vistas as palmeiras imperiais que contornavam toda a Ponta do Caju e os trilhos das linhas de bondes.
A rua de acesso ao Caju no final dos anos 1910, podendo ser vistas as palmeiras imperiais que contornavam toda a Ponta do Caju e os trilhos das linhas de bondes, na frente do portão do Cemitério de São Francisco Xavier.