por Kito Melo
Raoul Gustaf Wallenberg, arquiteto sueco, empresário e diplomata, tornou-se famoso por conta de seus esforços bem sucedidos para resgatar 100 mil judeus da Hungria ocupada pelos nazistas durante o Holocausto.
A partir de 1938, sob a regência do fascista Miklós Horthy, a Hungria mergulhou numa onda de antissemitismo. Inspiradas nas leis promulgadas na Alemanha Nazista, as novas leis húngaras restringiam os judeus de inúmeras profissões.
Na tentativa de driblar as leis anti-judaicas, Kalman Lauer nomeou Wallenberg como seu “sócio” e representante. Com isso, ele passou a viajar para a Hungria para fazer negócios em nome de Lauer e de zelar pelos membros da grande família de Lauer que permaneceram em Budapeste.
Estando em contato bastante estreito com os alemães, Wallenberg pôde testemunhar a campanha de perseguições e extermínio contra os judeus, empreendida pelo regime Nacional-Socialista. Por ter de fazer negócios com empresas nazistas, ele logo aprendeu a falar húngaro, tornando-se também íntimo dos métodos da burocracia alemã da época. Tal conhecimento foi fundamental para se aproveitar das brechas legais nazistas para salvar judeus.
Quando em Março de 1944, as tropas alemãs ocuparam a Hungria e instalaram um novo governo, mais subserviente, chefiado por Dome Sztojay, as perseguições ao judeus intensificaram-se dando-se início ao confisco de bens, uso obrigatório da estrela amarela e encerramento em guetos.
A partir de 9 de julho de 1944, ele foi nomeado primeiro-secretário da delegação sueca em Budapeste. Agora feito diplomata, e chocado com os acontecimentos, Wallenberg aproveitou a imunidade de seu poder e de seus contatos para expedir passaportes especiais (“schutzpass”) para cidadãos judeus, que ele qualificava como cidadãos suecos à espera de repatriamento. Os documentos não eram legalmente válidos, mas eram tão perfeitos que os oficiais nazistas ficavam impressionados e acabavam dando passagem aos seus portadores.
Além disso, Wallenberg alugou casas para os refugiados judeus em nome da embaixada sueca, colocando em suas entradas falsas identificações, tais como "Biblioteca da Suécia" ou "Instituto de Pesquisas Suecas". Protegidas pelo status diplomático, tais casas não podiam ser invadidas pelos nazistas e seus moradores encontravam nelas um refúgio.
Habilmente ele negociou com oficiais nazistas, como Adolf Eichmann e o comandante das forças armadas alemãs na Hungria, general Gerhard Schmidhuber, e faltando dois dias para chegada do Exército Vermelho em Budapeste, ele conseguiu cancelar uma leva de judeus que seriam deportados para campos de extermínio na Alemanha, usando um bilhete assinado pelo seu amigo fascista Pál Szalay, que os ameaçou de processo por crimes de guerra.
Em 17 de janeiro de 1945, durante o cerco de Budapeste pelo Exército Vermelho, Wallenberg foi detido pelas autoridades soviéticas sob suspeita de espionagem e levado para prisão de Lubyanka, em Moscou, Rússia.
Devido a suas ações corajosas em nome dos judeus húngaros, Raoul Wallenberg tem sido objeto de numerosas honrarias humanitárias nas décadas seguintes a sua morte presumida.
Em 1981, o deputado Tom Lantos, ele próprio salvo por Wallenberg, elaborou uma lei tornando-o Cidadão Honorário dos Estados Unidos. Honraria também concedida pelo Canadá, Hungria e Israel.
Também em Israel, Raoul Wallenberg é considerado como um dos "Justos entre as Nações", citado e homenageado no Yad Vashem, o Memorial do Holocausto.
Memorial específico para Raoul Wallemberg nos jardins do Yad Vashem, em Jerusalém
Enquanto alguns judeus se prestam ao papel de defender o BDS, de hastear bandeira palestina em clubes judaicos, de colocar a bandeira da Nakba ao lado bandeira de Israel, de celebrar o Yom Hazikaron ao lado de palestinos, de apoiar partidos e políticos que queimam bandeiras de Israel em praça pública e gritam palavras de ordem contra Israel, Raoul Wallemberg, um não judeu, escolheu não apoiar os nazistas e se tornar um justo. Que todos nós possamos nos espelhar em mais esse lindo exemplo.
Kadima!
Am Israel Chai!